O mundo idílico do Sr. Wodehouse
O mundo idílico do Sr. Wodehouse nunca perderá o viço. Ele continuará libertando as futuras gerações de um confinamento provavelmente mais maçante do que o nosso. Ele criou um mundo para nele vivermos e nos deleitarmos.
—Evelyn Waugh
Uma das amarguras e alegrias desta vida é, depois dos quarenta, ser apresentado a um autor genial do qual você nunca ouviu falar. A alegria é autoexplicativa: o contato com o gênio dispensa explicações. A amargura porque, dependendo da genialidade do autor, você começa a desconfiar dos seus guias e mentores e da sua própria formação em geral: afinal, como foi que deixaram de fora algo tão essencial?
É duro ter que admitir que só nessa altura do campeonato fui conhecer a obra do inglês P. G. Wodehouse (1881-1975). Tudo por conta da indicação do escritor Alexandre Soares Silva, aka @LordAss, que preconizava aos quatro ventos do Twitter a leitura de Wodehouse. Eram meados de 2021 e estávamos começando a sair do mundo sombrio e desolador do lockdown. Novos ares eram mais que bem-vindos: faziam-se necessários. A insistência de Soares Silva no autor inglês parecia promissora e, em pouco tempo, chegava em minha casa uma velha edição de Blandings Castle and Elsewhere (“Castelo de Blandings e Outros Lugares”), a primeira e mais em conta que encontrei.

O acaso me sorriu nessa escolha. Blandings Castle and Elsewhere é uma coleção de 12 histórias — seis sobre Blandings Castle, seis sobre elsewhere — escritas em sua maior parte no final dos anos 20, quando Wodehouse se aproximava do pico de sua admirável e burilada forma. Rudyard Kipling, como depois eu viria a saber, afirmava que uma das histórias contidas no livro,
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